O namoro

PARTE 1: JUNTANDO A GURIZADADA


Decidimos, ainda pela manhã de irmos todos ao Opinião, como de costume. Aquela seria mais uma noite de dose dupla e mulher não paga, se não fosse a ocorrência de alguns fatos diferenciados.
Eu, Pyw, Taborda, Renan, e Evandrão nos falamos durante a manhã e nocomeço da tarde daquela esperançosa quinta-feira, combinando detalhes de como iríamos chegar cedo para aproveitar a dose dupla e escapar da imensa fila. Na teoria estava tudo certo, o Renan iria chegar da faculdade e passar na minha casa, me buscar junto como Pyw, que já estaria aqui pronto e arrumado para a festa ás nove e meia, logo após, passaríamos na casa do Taborda, onde ele se encontraria junto com Evandrão, e já saíamos em direção da festa. Esse era o plano. Um pouco antes das nove horas, eu ligo pro Renan, para ver a quantas andava nosso plano de conseguir pelo menos uma vez chegar cedo em uma noitada.
- E aí meu, onde tu ta?
- To na unisinos ainda.
Puta merda, nosso plano começava a desmoronar. Ele não tinha como chegar até aqui pronto e arrumado antes das nove e meia, e o Pyw também não estava aqui.
- Vou chegar em casa, ponho uma roupa e passo aí. Foi o jeito que ele arranjou para acomodar a situação. Parecia que as coisas não sairiam bem certinho, mas pelo menos ia ser quase isso. Então deixei por hora de me preocupar com o alemão e liguei pro Pyw, para ter alguma notícia de onde ele estava.
- E aeeeeeeeeee seu Cainelli!
Mas que beleza! Hahaha! ouve isso, ouve isso!
Ouvi barulhos no fundo, o Pyw parecia estar bastante embriagado.
- Viu só! É Beatles! Eu tava indo pra casa e descobri um boteco que sótoca Beatles, fiz o que todo mundo faria no meu lugar, sentei aqui enão parei de beber.
Bom agora eu já sabia que não tinha como chegarmos a tempo de pegar adose dupla e de evitar fila. Já ficaria feliz se de fato conseguíssemos fazer uma noite.
- Porra Pyw! E a nossa festa? Era pra tu vir aqui pra casa! O Renan tavindo aqui.
- Ahhhh Beatles... e além do mais, o boteco é caminho, passem aquiquando vocês estiverem saindo.
Bom, concordei com o Pyw para que possamos ainda fazer a tal noite.
Eu e o Taborda nos ligávamos de cinco em cinco minutos para trocar novas informações dos dois. Já estávamos conscientes que a dose dupla estava praticamente perdida. O relógio anunciava às dez horas, e a situação permanecia a mesma. Evandrão na casa dele, o Pyw bebendo no bar dos Beatles, o Renan dizendo que tava chegando e eu e o Taborda prontos desde as nove horas, mas cada um em sua casa. Aí acontece o pior, o Renan, que seria o motorista da noite, nãoa tendia mais o telefone. Eu e o Taborda não sabíamos o que fazer, poisse pudéssemos avisá-lo, talvez para ir direto para a festa, nos deixaria livre para ir com nossos carros. Mas o problema é que ele poderia estar chegando, nunca se sabe, e ele viria até minha casa e não encontraria ninguém. Ele ficaria muito puto, e com razão. Nesse momento o Taborda teve uma boa idéia.
- Cainelli, o Renan vai passar na tua casa primeiro, então eu pego o Evandrão e vou pra tua casa esperar ele, pra gente ganhar tempo.
Foi uma boa idéia, e foi o que ele fez. O relógio agora já marcava umas dez e meia. E quando eles chegaram aqui faltavam uns dez minutos para ás onze. Ficamos aqui esperando o Renan e resmungando sobre a situação na frente da minha casa ainda por uns quinze minutos até que ele chegasse.
- Porra meu, voltei da unisinos de carona com um cara, ele teve que deixar um monte de gente antes de mim. Acho que ele tinha pegado carona com uma van ou ônibus, porque o combinado era umas dez e pouco estar bebendo lá dentro, ou no mínimo na fila que não seria grande.
Claro que ainda não podíamos nos dirigir para a festa, faltava o Pyw,que bebia incessantemente desde que ouviu aquele acorde que lhe soou familiar quando passava pela frente do tal boteco. Tivemos que nos revezar nas ligações para ele, pois ninguém entendia aonde era esse tal boteco, ele não conseguia explicar, já estava podrede bêbado. Só o que sabíamos certo é que o bar não ficava no caminho, muito menos perto do Opinião. Cada um de nós juntando um pouco de informações, deciframos o meio de chegar lá onde ele estava. Encontramos um barzinho pequeno e deserto, com uma única mesa posta narua, aonde o Pyw se encontrava ainda com um copo cheio. Estávamos todos muito furiosos por não conseguirmos atingir nossas metas iniciais, e cada segundo que ele demorou para chegar até o carro foi recheado de vaias e gritos por sua falta de compromisso. Pyw tomou a cerveja que restava, e ainda ficou batendo um papo com o dono do bar, enquanto esperávamos aflitos dentro do carro. Claro que tudo isso não passou de uns trinta segundos, mas estávamos tão preocupados com a dose dupla, fila, e tudo mais, que xingamos até a quinta geração de sua família. Agora o time escalado para a noite estava completo, e sendo assim fomos para a festa.

PARTE 2 : CHEGANDO NA FESTA

Fomos no caminho rindo das bobagens e das vestes do Pyw, que não estava preparado pra sair pra noite, pois trajava ainda a roupa que tinha ido ainda pra faculdade. O cheiro de álcool o acusava que não tinha ido para a aula, a intenção talvez fosse ir, mas quando lhe surgiu na mente a idéia de um barzinho e ainda por cima ouvir um Beatles a sua decisão já estava tomada.
Chegando no Opinião, pouco tempo depois, nos deparamos com uma baita de uma fila. Puta que pariu, o tempo estava passando, a fila já estava consumada, mas temíamos perder a dose dupla.
Eis que na fila o Pyw podre de bêbado começa a gritar umas risadas e contar histórias inverídicas de conhecidos seus, todas elas muito bem amplificadas por seus pulmões. A fila inteira acompanhava constrangida cada desfecho mirabolante.
- Hahaha, alguém peidou feio aqui, Taborda foi tu né? Eu sei que foi!Hahaha acho que não, na verdade fui eu ahahaha.
Ele me grita essa frase no meio de todas as pessoas. Gritou alto, mas muito alto. Tanto atrás de nós como na nossa frente na fila existiam grupos de mulheres, e a reação desses grupos foram igualmente constrangedoras para nós, mas bem diferentes uma da outra. As da frente ficaram completamente apavoradas e as de trás caíram na gargalhada. O Evandrão só me olhou, pos a mão na testa e sacudiu a cabeça não acreditando. Depois eu e ele comentamos que o Pyw não podia mais bebernaquela noite.

PARTE 3: ENTRANDO NA FESTA

Entramos na festa e ainda faltavam oito minutos para o término do prazo da dose dupla, no relógio deles, no meu faltariam ainda dez. Mas tanto faz, conseguimos estocar toda a nossa consumação em cima de uma mesa. Lá estavam quase um engradado de cervejas esquentando na nossa frente, que nos abasteceriam pelo resto da noite. O pyw não se agüentava em pé, mas mesmo assim dava um jeitinho de dançar uma lambada esculhambada com ele mesmo, sozinho, com a própria mão na barriga e outra para cima, como se estivesse segurando a mão deuma bela garota. Girava e cambaleava faceiro com os olhos entreabertos, e ao sinal de qualquer fêmea que se aproximasse para subir pela escada, onde estávamos próximos, ele gritava coisas como: "vem cá minha nega" ou "Te quero e vou te ter", esta ultima, mordendo os lábios e fazendo cara de maníaco do parque. Ríamos enquanto bebíamos a nossa cerveja, bem na entrada do lado da escada. Certa hora, o Pyw derruba um pouco de cerveja no Taborda, algumas gotas apenas, mas o suficiente para ele se vingar atirando um copo inteiro de cerveja em cima do Pyw. Logo veio um segurança intervir, mas não me recordo como a situação se amenizou.
Pyw é vingativo por natureza e quando deu a brecha ele jogou de volta um copo cheinho no Taborda. O Problema é que ele estava bêbado e nãoviu direito, acabou por acertar o Renan, mas não sem respingar em todo mundo antes. Bela merda, como diria o Evandrão. Depois dessa comédia pastelão que vivemos, chegamos à conclusão que o Pyw não podia mais beber. Olhamos para ele e ele estava escorado na parede com a cabeça pendurada, queixo no peito, olhos fechados, uma mão no bolso e outra segurando o copo. Tratamos de lhe tirar o copo (certa dificuldade) e mandar ele comprar alguma água ou coisa assim. Sei que eu saí por hora dali e fui fazer minha festa.

PARTE 4: O DESTINO DE CADA UM

Eu e o Renan demos uma volta e alguém perto dos banheiros de baixo mepuxa pelo braço.
- Oi Cainelli! Como é que tá? Quanto tempo!
Realmente a guria me parecia familiar, mas não sabia da onde eu conhecia. Era uma gordinha, morena que parecia mesmo saber coisas a meu respeito. Ela começou a me dar umas indiretas, pegar no meu braço e se fazer de fácil. Puxou um assunto de praia, que foi aí que eu me lembrei quem era ela. Era a Milene, a ex-namorada do Fischer. Ela estava se jogando pra cima de mim. Naquela hora eu pensei, "bah, não vou fazer absolutamente nada, por mais que o Fischer não a respeitasse, e só a usasse pra fazer pontos todos os anos pra corrida dos campeões, ela chegou a ter um relacionamento com ele". E assim foi. Fiquei desviando dos "ataques dela" até que o Renan me chamou e disse:
- Vem cá meu, ela ta se jogando pra ti, tu não vai pegar?
- Eu não, ela namorou o Fischer e tal, de jeito nenhum, mas se tu quiser, vai fundo. Deu mais uns minutinhos e o Renan acabou pegando ela. Ficaram segrudando a noite inteira, e o Renan ficou falando mais além de possíveis 11 pontos. Bom, segui sozinho meu caminho e tentei dar mais uns botes na festa. Mas nada rendeu, estava em uma noite fraca e sem inspiração. Olho pro lado e vejo que o Evandrão se achou com uma baita de uma mulher, uma das mais bonitas lá do Opinião. Bacana, feliz por ele. Não sei o que ele fez, nem o que ele disse, mas estava de fato grudado em uma baita mulher. Mais tarde nessa mesma noite o Pyw ia largar a célebre frase a esse respeito: " O Evandrão pega as mulheres que querem caras bonitos, não os engraçados como eu e tu ". O Taborda havia sumido desde a hora da cerveja no começo da noite. Ninguém tinha notícias dele. Até que lá pelo meio da festa todos recebem mensagens parecidas em seus celulares. A minha era assim: "Que caro que é esse motel Botafogo", a do pyw era algo como: "Já saí e vou comer uma mina". O engraçado é que ninguém viu a mina e nem o Taborda na festa. E dia seguinte perguntado como foi sua performance, disse que a guria havia o enganado, ela só queria uma carona, desistiu da foda no caminho, e ele ainda teve que pagar um táxi até a minha casa para pegar o seu carro, no qual teve que deixá-la em casa. Belo pato.
Voltei para onde o Pyw estava "repousando" e soube da notícia que ele tinha vomitado umas três vezes. Ele não vomitava desde a época de colégio com cachaça barata de garrafa de plástico. Bom, fizemos ele tomar alguns litros de água até que se recuperasse parcialmente e ficasse em condições de voltar pra casa.

PARTE 5: O NAMORO

Renan vem e dá a noticia pro Pyw:
- Pyw, acorda, aquela guria que tu pega volta e meia ta aqui na festa!Vai lá porra!
Ele estava falando de Daniela, uma loira alta, forte e um pouquinhomais velha do que nós. Pyw vinha saindo esporadicamente com ela e me contava que curtia bastante. O fato é que ele não estava realmente um cara bonito/arrumado/cheiroso/atraente/sóbrio. Havia vomitado umas três vezes, estava tomado pelo cheiro do suco gástrico e de cerveja (que foi jogada pelo Taborda). Estava com uma roupa que tinha ido pra faculdade, e não conseguia terminar uma frase corretamente. Nessa hora começou a preparação para o encontro com ela. Tomou mais um monte de água enfiou alguns halls na boca. Estava ele pronto para vê-la afinal (será?). Não acompanhei essa parte, mas sei que ele acabou grudando ela de jeito, e realmente a água fez algum efeito. Já não parecia nem de longe o Pyw que havia entrado na festa.
Quando ela se distanciou dele, acredito que para ir ao banheiro, ele conta para os demais que em um certo momento acabou pedindo ela em namoro. Não tenho certeza em que momento isso se passou, se foi quando ele estava completamente embriagado ou quando já conseguia raciocinar. Mas o resultado foi que ele saiu dali casado. Era a sua primeira namorada, desde uma paixonite infanto-juvenil no colégio.
Todos ficamos perplexos e curiosos. Como o Pyw, o rei da putaria e do trago poderia ter assumido uma posição de responsabilidade e fidelidade? Ninguém sabia. Esperamos ansiosos por como seria esse relacionamento. Ela não tinha idéia onde estava se metendo...
Ao final da noite, fui o único que não me arranjei com alguma mulher, mas isso nem foi problema. Só a ocorrência de todas essas coisas já valeram o meu ingresso.

1 comentários:

Ramon Crivellaro disse...

Eu estava nessa noite!! foi muito boa!! lembro do pyw caido num canto e do banho de cerveja que o taborda deu no pyw, que por sinal respingou em mim e na Dani... Bela noite.